Teu mar tá chovendo em mim, menino.

Teu mar tá chovendo em mim, menino.
Tá cada vez mais denso,
meio gelatinoso.
Daqui a pouco vira pedra,
e quebra.
Mas vem cá,
não vá tão depressa.
Calma.
Eu preciso desse seu mar de azar,
e me acabar de tando nadar.
Tá lá no farol,
em boca cheia d'água de baleia,
ou em coração de tubarão.
Mas tá.
Me deixe ficar.
Eu não vou fazer barulho.
Eu não vou escalar as paredes,
eu não vou sair correndo
e eu não vou cair de amores por você.
Vai com calma.
Eu sei que sou meio desesperada,
mas não é nada com você.
E só que assim tá,
e eu não sei se consigo mais aguentar o peso desse seu mar.
Assim tá.
Vai me deixar naufragar?
Ou vai me soltar e me deixar boiar?
Eu não sei,
mas posso tentar,
porque olha,
tá tudo meio assim,
mais pra lá do que pra cá.
O problema mesmo é esse seu mar.
Tá chovendo.
Olha só como tá.
É essa sua maré de tanto amar.
Sabe menino,
é esse seu mar.
Porque é assim que tá,
chovendo em mim,
esse seu mar.

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