Daquelas brisas intermináveis enquanto sobe os créditos do filme

É tudo muito psicodélico, como se tivesse fumado uns enquanto escuta algumas músicas dos anos 80. Parece um filme em preto e branco com apenas um ator. E ele fica ali, sentado num bar, sozinho, na noite de ano novo, esperando por novidades. Mas elas não vêm. E ele espera por uma boa notícia, por uma boa pessoa com os olhos cor de verde-maçã, como acabei de ouvir em uma música. Mas não. E ele continua esperando uma mensagem do tipo: "Olha, eu não esqueci de você, estou indo aí te buscar". Mas sabe, eles se esqueceram. E é por isso que ele está ali, sentado no bar, sozinho e observando o mundo se comportar de forma tosca.
E começou os fogos. Começou! São os fogos de ano novo! Talvez ele devesse estar lá fora como todos os outros comemorando a chegada de mais um ano. Mas sabe, ele não é como todos os outros, e muito menos está comemorando. Ele quer sair de tudo isso. Como se pudesse entrar num quarto e ficar lá. Acordaria depois de três dias. Sem ‘encheção’ de saco.
E daqui a pouco é Carnaval. Ele não vê a hora de se desligar um pouco do trabalho. Está cansado. As coisas andaram se bagunçando pra ele, e paciência é o que não falta. Sem falar que acabou se envolvendo em umas particularidades românticas. Ou melhor, românticas não, amorosas. Quando digo romântico, dá a impressão de algo lindo, com começo, meio e fim. Só que não. Quando se trata de amoroso, as coisas se embaralham tanto que até Platão questionaria sua própria teoria sobre o amor ideal. Platão nunca amou. Sabemos disso. Ela só falava asneiras e sonhava em um universo paralelo. Quem é o louco de imaginar um mundo de ideias? Platão era insano. Por isso que ele nos deu essa teoria louca. Ele dá pra nós porque ele é Platão. E ela dá pra nós que ‘nós é’ patrão. Sacou?
Patrão de seus próprios pensamentos. Pense: você pensa aquilo que você pensa. De uma forma subjetiva e não filosofia. É por isso que dizemos que amamos qualquer um quando na verdade só achamos a pessoa bem legal e bonita e simpática e algo mais. Isso não é amor, cara. Isso é tesão. Então vamos lá, novamente: Ela dá pra nós, porque ‘nós é’ patrão.
Se não fossemos ‘patrão’ ela não daria então?
Acho que não hein.
Mas quem liga? Ele voltou àquele bar na quarta-feira de cinzas. O céu está num tom de rosa meio estranho. Meio coral, meio flamingo. Flamingo é uma cor, ok?
Pois bem, o que eu quero dizer é: Vá ao bar, querido amigo.
Você está aí, sozinho, desligado e com sono. Se ligue na tomada.

Arrume um Platão pra dar pra você. Arrume um Platão para dar uma teoria para você. Sabe, é tudo muito psicodélico. Como se tivesse tomado uns enquanto escuta deita no chão pelado no escuro total. E é por isso que ele está ali, deitado no chão, sozinho e observando o mundo se comportar de forma tosca.

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