Virou teto

E a saudade de ti me levou para longe pequena,
e olha que eu te amo tanto,
e tão bem te quero,
e calma quero,
como uma onda suave de um oceano agitado.
Mas o mar engole saudade.
Oh Rainha, tenha piedade!
E o mar que de tão grande...
que de tão desastre,
engoliu tu, pequena.
Seria eu sereia?
E de todas as minhas neuras,
cresce o teto e cobre o mar.
Deixe-me te tocar,
provar,
testar,
tentar,
das profundezas de Iemanjá,
tu és, pequena
querida do mar.
É que meu mar já está tão alto,
que até os deuses duvidam que seu sobreviva,
e as duvidas me afogam
e incertezas,
mas eu sei que deveria,
sim, deveria dizer pra ele que a vida só chora,
como se estivesse indo embora.
Mas se tu soubesses como é,
não amaria mais ninguém,
e não sentiria mais saudades,
e não morreria.
Não por mim,
por ti,
por que assim,
eu não contaria pra ninguém.
Como um casamento selado,
vendado em amor,
anteros,
eros,
e todo o mar.
Olha,
ele está virando teto.
Teu corpo é sagrado,
meu altar,
de virgem,
que implora,
e chora,
pelo o que já se foi.
E a água salga,
salgada escorre
e morre.
Morremos aqui.
Mas reconheça,
ele te ama,
e como bom marinheiro navega firme,
procurando uma boa viagem
e se entrega ao vento.
Então fala pra ele,
fala aquilo que nunca falou pra ninguém,
como uma canto de sereia,
saia da morna areia,
e entre no mar.
Vá amar,
quebrar as promessas,
se virar do avesso.
Tire esse colar de sonhos,
de desejos que não se foram ainda,
dessa vida que chora,
e o coração que agora
só demora,
e só demora
e só demora.
Mas que caia,
do céu,
do caos,
do nada,
mas caia.
Caia em mim.
Por mim,
que em ti
deseja ser um sonho bom.
Meu,
teu,
Alceu,
cumpra isso.
Caia.
Prometa,
e não esqueça de mim,
que só chora.
A Rainha implora,
ela tanto quer,
e se tu soubesse como machuca,
não iria assim como foi.
Marinheiro mesmo de mar bom,
se torna maior que um deus,
e o céu fica tão pequeno,
porque o teto vai crescendo.
E que de tão grande...
Mas olha o mar.
Aqui e lá.
Viu?
Cresceu,
porque tu
sou eu.
Somos todos Alceu.
E Cecília,
querida,
morreu.

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