Até os intelectuais amam....

Em uma tarde chuvosa, uma jovem que eu mau conhecia me disse algo sobre os intelectuais.
- Intelectuais não amam, sabia? -disse ela com a voz apagada.
E eu com um lápis e um bloco de folhas nas mãos, parei de escrever e olhei firme em seus olhos. Ela se envergonhou.
Eu me desculpei e disse que tudo o que vivi foi prufundo e que não havia motivos para se envergonhar.
Eu não entendia a sua teoria sobre os intelectuais. Mas ela insistia em me fazer crer no que dizia. Eu, encabulada, continuei quieta e apenas me deixei levar pelo que ela dizia.
Bobagens e bobagens. Coisas sem sentido. Ela se iludia.
Até que eu ri sem motivo.
Certamente, ela não entendeu e me questionou.
Eu voltei a olhar firme em seus olhos e disse:
- A verdade causa cegueira, Lua.
Lua. Era assim que ela pediu que eu a chamasse. Abreviação de Luana.
- Me desculpe pelo meu modo bruto, mas é verdade o que digo. E em relação a cegueira... Eu nem sei. -dizia ela.
- Mas até os brutos amam. - eu disse, mudando completamente minha feição.
Acho que fui até fria, mas foi sulficiente para fazê-la repensar.
Ela repetiu em um sussurro o que eu havia dito e me indagou persistente:
- Todos são feitos para o amor?
- O amor é feito para todos. Só que muitos escolhem regredir. -respondi.
Ela abaixou a cabeça. Era vísivel sua perocupação. Na verdade, eu ainda acho que ela não devia se preocupar tanto, ela tem apenas oito anos.
Eu me calei. Voltei a escrever. Ela ficou a me observar.
- Eu gosto do jeito que você escreve. - me disse baixinho. Abriu um sorriso.
Eu ri e me levantei. Arranquei a folha em que eu estava escrevendo, dobrei e dei para a menina. Peguei minha bolsa e sai. Deixei ela lá sozinha, mas espero que pelo menos abra o meu bilhete e leia o que escrevi com uma letra de garrancho e alguns rabiscos.
E quanto aos intelectuais...
Bom... O amor é para todos, só que muitos escolhem regredir.

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