Menino

Lembro de ti.
Lembro de mim.
Lembro de quando teus sonhos te dominavam.
Tu parecia menino perdido.
Não tinha dono.
Não tinha medo.
Não tinha nada.
Mas tinha eu,
pra ser marinheira,
com você.
Eu perguntava:
Me abraça?
E tu sem pensar respondia:
Te abraço.
E me abraçava.
Tu ria das coisas que eu falava.
Dizia que meu olhar sempre brilhava,
principalmente quando eu estava apaixonada.
Lembro de ti fazendo piada.
Tu não tinha nada nas costas,
e mesmo assim,
me carregava.
E carregava um peso que não era só seu,
era meu também,
e por isso me abraçava.
Queria eu saber antes que de tudo não valeu nada.
Tu riu de mim,
fez de mim piada,
e eu esperando teu barco voltar,
abracei o mar e me pus em retirada.
Tu não voltou,
e eu não estou dando risada.
Lembro do tempo em que tu me abraçava,
e mesmo assim não me cobrava de nada.
Não sei se me agrado da tua partida,
ou se choro pela tua chegada.
Mas tu não chega mais.
Lembro do tempo em que tu me abraçava.

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