Quero uma padaria, Rita

Já que amas ouvir história, tenho uma história de não história pra te contar.
Rita me contou que se eu rezar direitinho, todos os dias, sem titubear, posso viver de sonhos e montar minha própria padaria.
Já Sarinha, insistia que nem só de sonhos vive o homem, e disse pra eu plantar flores. Elas iluminariam meu caminho e me diriam o que fazer.
Não fiz um nem outro. 
Escolhi por assistir um filme que estava passando de madrugada na tv aberta. Não entendi nada, mas percebi que mesmo que eu rezasse direitinho, todos os dias, não teria nem padaria, nem sonhos nem nada.
Percebe?
Eu sou um nada com vestido de bolinha.
Queria estar nua, mas tenho uma multidão atrás de mim quando queria estar sozinha.
Rita mesmo já dizia: TIRA ESSA ROUPA, MENINA!
Mas ninguém gosta do meu corpo.
Eu sou um desastre em forma de poesia.
Pudera eu pilotar aviões sem guia.
Bateria uns três só pra ter friozinho na barriga.
O que acontece de verdade, é que eu já não mais sorria.
Tá tudo meio bagunçado, tia.
Eu não tenho culpa se o teu santo não é forte, querida.
Pois é,
bem que eu queria.
Rezei todos os dias, 
e não tive nem sonhos,
nem flores,
nem padarias.

Para Antônio Nicodemo, 
o menino que ama ouvir histórias.

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