Os amores de Cecília

Cecília é uma menina moça que gosta, 
mas não ama.
Talvez até ame, mas não sabe.
Amor nem existe.
Cecília é maior que isso.
É bobeira, 
tudo brincadeira de criança que arranca flores de qualquer grama e distribui aos outros.
Se fosse eu, 
não dividiria minhas flores.
Mas ele não se importa.
Simplesmente deixa as flores livres para quem quiser pegar, 
e cheirar,
e fazer o que quiser.
E se alguém pegar
e cheirar
e fazer o que quiser,
é porque ela deixou livre.
Como ela.
Cecília é pequena como um grão
e gigante como um sonho.
Quem a vê tão pequena não imagina a imensidão de saberes que ela carrega.
E ela te atropela com eles.
Ela pilota um caminhão de pensamentos e desejos.
Cecília é louca
e seu caminhão transporta um mundo inteiro.
Se você estiver nesse mundo,
bom,
ela vai lembrar de você e te bagunçar um pouco,
gritar com você pedindo para você tomar coragem com as coisas,
da mesma maneira que ela toma.
Cecília não tem medo.
Se for para ela falar,
ela vai falar.
Se for para ela pisar em suas flores, 
ela vai pisar,
mas se você está fora...
Ah, 
Cecília vai faltar.
Não você no mundo dela,
mas ela no seu mundo.
Cecília faz falta.
Cecília é pequena mas faz falta.
"Cecília faz promessas para o mar e não cumpre", 
e o mar chora.
Ele implora,
por Cecília.
Mas Cecília está dividida.
Metade de si pende para um lado,
mas ela insiste que é só amizade,
e nem mais um passo.
E seu outro lado se contorce, 
mas nem ela sabe dizer direito o que é.
Mal sabe ela que as coisas sempre pioram.
Mas ela não se preocupa com isso.
Ela diz não estar mais indecisa, 
jogou todas as suas preces no mar,
e todas as suas expectativas.
Cecília não sabe ainda sobre os prazeres da vida.
E diz que não quer saber.
Mas Cecília,
seus demônios interiores se rebelarão um dia,
não adianta fugir das coisas que Afrodite queria.
Cecília é tipo um Tsunami.
Você não pode dobrá-la com palavras,
e nem com jeitos,
como um Origami.
Cecília desde pequena é grande,
por isso eu acredito que
os mares mais revoltos são sempre os mais interessantes.


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